Kamala conseguiu explorar fraquezas de Trump, que passou boa parte do tempo se defendendo das críticas Imagem: Saul Loeb/AFP
No primeiro debate presidencial entre Kamala Harris e Donald Trump, realizado pela ABC News na noite de ontem (10), ficou evidente o acirramento da disputa eleitoral. As intenções de voto refletem uma competição equilibrada e ideologicamente oposta entre os dois candidatos, que representam os partidos Democrata e Republicano. O confronto aconteceu na Pensilvânia, e Harris precisava melhorar sua apresentação ao eleitorado, já que 28% dos eleitores afirmaram que precisavam conhecer mais sobre sua trajetória, enquanto apenas 9% disseram o mesmo sobre Trump.
Durante o debate, Kamala Harris abordou temas sensíveis, como os direitos das mulheres. Ela foi firme ao declarar: "Não é preciso abandonar a fé ou crenças profundamente arraigadas para concordar que o governo e Donald Trump certamente não deveriam dizer a uma mulher o que fazer com seu corpo." Em resposta, Trump rebateu: "Os democratas são radicais" em relação às políticas de aborto. O republicano alegou ainda que o vice de Harris, Tim Walz, apoia a “execução após o nascimento” e defendeu a proibição do aborto em gravidezes a partir de seis semanas.
Ao longo da discussão, Trump recorreu a teorias da conspiração e tentou associar Harris ao marxismo. O ex-presidente chegou a afirmar que imigrantes "comem todos os pets" dos locais onde se estabelecem. "É isso que está acontecendo no nosso país. Uma vergonha", disse ele, uma declaração prontamente desmentida pelos moderadores do debate. Quando o tema passou para política internacional, Kamala mostrou hesitação em apoiar Israel, mas condenou a morte de palestinos inocentes. Ela destacou: "A realidade é que tem sido sobre se posicionar como a América sempre deveria, como um líder que mantém regras e normas internacionais. Como um líder que mostra força, entendendo que as alianças que temos ao redor do mundo dependem da nossa capacidade de cuidar dos nossos amigos e não favorecer nossos inimigos porque você adora homens fortes, em vez de se importar com a democracia. E é muito disso que está em jogo aqui."
Nas pesquisas eleitorais mais recentes, divulgadas na última semana, a vantagem de Kamala Harris sobre Donald Trump diminuiu ligeiramente. Em algumas sondagens, a candidata democrata aparece com uma pequena vantagem, enquanto em outras os dois estão tecnicamente empatados. Vale ressaltar que essas pesquisas analisam o voto popular, sem considerar o sistema de Colégio Eleitoral dos Estados Unidos. No país, o presidente e o vice são eleitos indiretamente, por meio dos representantes dos estados no Colégio Eleitoral. Para vencer, um candidato precisa garantir 270 dos 538 delegados, cujo número é proporcional à população e ao número de parlamentares de cada estado. Assim, o candidato com a maioria dos votos populares pode não ser necessariamente eleito.
Com esse debate acirrado, a disputa segue aberta, refletindo a polarização do cenário político americano.
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